domingo, 23 de novembro de 2014

Jake






À medida que a noite caía  Jake sendo um perfeito cavalheiro tudo estava agradável e romântico. Ele tinha a mão pousada, agora, em meu ombro apontando as estrelas com a outra mão. Podia ouvir sua voz, mas ao mesmo tempo não o compreendia. Na verdade só ouvi a seguinte frase: " nenhuma delas se compara a você", Jake era fofo na maior parte do tempo. 

*****

Já eram quase sete da manhã quando senti um vento forte beijar meu rosto, não foi muito, mas o suficiente para me despertar. Virei-me e vi Jake ainda adormecido, na verdade parecia um gatinho dormindo de tão fofo. Suspirei piscando os olhos algumas vezes antes de levantar. Arrastei-me ate o banheiro indo direto para o chuveiro, meu corpo se sentiu desconfortável com o toque gelado da água fazendo o mesmo ter um calafrio involuntariamente.
Não demorou muito para eu despertar e sair do banheiro, eu ja estava enrolada na toalha de frente para a cômoda, quando senti uma pressão na parte de trás do meu corpo, tinha um par de mãos envoltas á minha cintura e o cheiro de loção de barbear foi de encontro com meu nariz. Não me preocupei, pois sabia quem era. 

- Preciso dormir aqui mais vezes. - sua voz falhada e sexy.
 


- Ah é e por quê? - me virei para ele.


- Voltar para o quarto e ver você desse jeito, - ele me olhou de cima a baixo- realmente vale a pena.


Meus lábios se curvaram formando um sorriso malicioso, o que provavelmente despertou mais abruptamente sua atenção em mim. O espaço que nos separava já não existia mais, seu corpo estava rígido sob o meu eu estava respirando o mesmo ar de Jake. Nossos olhos se encontraram por tempo suficiente para eu entender sua  mensagem, que mais parecia um código. Suas mãos passavam por minhas costas, enquanto uma subia parando em minha nuca a outra tomava o sentido oposto parando exatamente um palmo da minha bunda. Pude sentir uma energia subir em minha espinha. Suspirei. 

- Jake!? - minha voz falhara. - Preciso ir!

- Fica mais um pouco. 

- Não posso, tenho que trabalhar. 

- Eu te levo depois Amby. 

- NÃO! - minha voz soou mais nervosa que eu desejava. - quero dizer, não vou te incomodar por algo que posso fazer eu mesma. 

Sem mais delongas eu me virei, mas o senti segurar meu cotovelo e me girar. Lançando um beijo demorado em meus lábios. 

- Agora sim, bom trabalho amor. 

Sorri e sai. 

A rua estava bem movimentada, mas não demorou muito e peguei o ônibus. Me acomodei relaxando meus músculos ainda energizados e joguei a cabeça para trás, foi quando meus pensamentos vieram sem ao menos me pedir licença, "NÃO É JUSTO COM JAKE" era só isso que me vinha, eu sabia que não era, mas não ter Jake significa não ter mais nada e muito menos uma idéia de família. Depois da morte da minha mãe eu me achei perdida dentro de mim mesma, e pior eu estava com um vazio horrível em meu peito. Ela era a única que sempre estivera ao meu lado e que jamais me julgaria. Se ao menos eu pudesse achar onde ela fora enterrada, acho que poderia me desculpar e então liberar sua alma ou simplesmente me livrar de uma porcentagem da culpa, por mais pequena que fosse. Uma bruta freada me tirou de meus pensamentos bem a tempo de uma lágrima escorrer em meu rosto. 

Finalmente cheguei a Fênix, as portas estavam abertas, e parecia movimentado demais para o inicio do dia, cheguei mais perto do salão, onde tinha os shows noturnos, encontrando Trace e um engravatado de expressão dura conversando. Ele me viu e piscou para mim, eu apenas estiquei os lábios e ele então voltou a sua conversa. Observei mais um pouco me encostando-se ao balcão. 

- Não creio que se o chefe a visse prestando atenção em sua conversa ficaria contente. - a voz de Chad soou na parte de trás dos meus ouvidos, o que me fez pular de susto. 

Me virei para encará-lo. 

- Até onde eu me lembro deixei claro que queria você longe de mim. - falei de forma áspera. 

- Você me respeite garota ainda sou seu supervisor. Agora vá se trocar e colocar esse corpo a mostra.

Revirei os olhos, odiava quando Chad queria fazer o papel que não é dele. Mas me virei e fui para o camarim. Não queria uma cena agora cedo.

Abri a porta e vi uma menina sentada segurando a barriga, ela havia sido mandada para cá duas semanas depois que eu. Qual era mesmo seu nome? Milena? Mirela? Melane? Isso, Melane.

- Está tudo bem? – me aproximei.
.
- Sim estou bem.  – ela forçou um sorriso.

Uma das coisas boas que eu aprendi aqui dentro era saber quando alguém tivesse mentindo e de fato esta garota estava.

- Melane, certo?

Ela assentiu me olhando.

- O que realmente está acontecendo? Talvez eu possa te ajudar.

- Você? A queridinha de Trace? Corta essa Amberly.

Que droga! Por que vivem me lembrando sobre a adoração de Trace por mim?

- Tenho motivos para não lhe ajudar? – perguntei controlando-me.

- Não sei. Diga-me você.

- Vamos, deixe-me ajudar você.

- Não confio em você.
Meu corpo ficou pesado.  Era por isso que as outras garotas não falavam comigo? Por eu ser a protegida de Trace e não elas? Por que mesmo ele havia me escolhido?

Suspirei olhando fixamente em seus olhos, que eram negros e pareciam pegar fogo. Ela desviou o olhar pegando uma garrafa de vinho barato colando a boca no bico virando-a para cima, dando um gole em tanto. 


“não se pode ser boa com quem não quer ajuda” minha consciência tentava me confortar.